Páginas

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

CONSTRUINDO DIÁLOGOS: Por uma universidade fora do armário!

*Rídina Motta, Vinicius Alves e Vicente Oliveira


A Universidade enquanto espaço de formação de indivíduos torna-se também um local de construção e expressão de diversos preconceitos, tais como de gênero, etnia, credo e sexualidade. O preconceito contra a diversidade sexual (de sexualidades) está profundamente arraigado e longe de ser superado dentro do espaço universitário.

Nesse contexto, em 2003, a partir de uma demanda do movimento estudantil, jovens universitários se organizaram em torno de um encontro que tinha como idéia a criação de um espaço de discussão sobre Orientação Sexual e Identidade de Gênero dentro das Universidades.

Foi a partir desse encontro que, em 2005, a União Nacional dos Estudantes entra com importantes avanços na luta do combate a homofobia e pela promoção da diversidade sexual criando sua Diretoria LGBT


Diversas ações foram iniciadas no sentido de avançar no combate a homofobia e promover a livre orientação sexual e identidade de gênero. O projeto “Universidade fora do Armário”, prevendo a participação em diversas Paradas do Orgulho LGBT, bem como a confecção de cartilhas sobre o tema e a aprovação para que estudantes transexuais e travestis coloquem seu nome social nas carteirinhas da entidade, foram fundamentais avanços já conquistados por esta pasta.


Alguns diálogos também foram construídos, quando em 2007 a UNE torna-se entidade parceira da Associação Brasileira de Gays, Lesbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT).


Contudo, no último período o afastamento da UNE junto ao movimento LGBT e dos diversos coletivos universitários que lutam contra a homofobia e pela Diversidade Sexual tornou-se nítido. Este cenário colaborou para a criação de um descompasso com a luta do segmento, agenda e os avanços do movimento, assim como das discussões travadas nas bases do movimento estudantil.


A nova gestão da Diretoria LGBT da UNE terá como principal desafio combater a heteronormatividade e a homofobia que estão enraizados no movimento estudantil. Esse combate se construirá, principalmente, a partir da construção de novos diálogos junto aos coletivos e ao próprio movimento LGBT, levando as discussões ao conjunto dos/das estudantes, através de seminários e palestras nas Universidades.


Tal ação tem por objetivo fundamental o empoderamento dos coletivos, fomentando assim a criação de grupos permanentes de trabalho capazes de articular uma rede a partir do movimento estudantil e, desta forma, construir o 1° Encontro LGBT da UNE.


Este encontro tem como objetivo consolidar o diálogo nacional entre os coletivos universitários, auxiliando na construção de um espaço real, capaz de produzir uma agenda de mobilizações e atividades. A defesa da Diversidade Sexual e a campanha pela aprovação dos Projetos de Lei (PLs) que tramitam no Congresso irão traçar, desta maneira, uma pauta em comum para o próximo período.


Outra importante tarefa que teremos é estimular a criação de coletivos universitários de diversidade sexual por todo o país, a fim de garanti-los também como importantes construtores do Encontro Nacional Universitário de Diversidade Sexual – ENUDS, que, desde 2003, fomenta o debate acadêmico e militante sobre as identidades de gênero e a diversidade sexual.


Deveremos ainda pautar, fortemente, a educação e o modelo de universalidade tendo como desafio casar a luta LGBT com as mudanças necessárias e urgentes na Educação Superior Brasileira, pois só alcançaremos um modelo de Universidade Democrático e Popular quando os pilares da heteronormatividade e da violência homofóbica forem derrotados de vez.


A UNE deve fazer sua parte para construir bandeiras de luta e um conjunto de ações para incentivar esses coletivos a avançarem no debate e na construção de outra forma de sociabilidade, justa, democrática e igualitária para todas e todos.


Muitas são as tarefas que se colocam, mas a capacidade de atuação coletiva é capaz de vencer cada um destes obstáculos. Vamos todos construir uma Diretoria LGBT da UNE capaz de retomar diálogos com os estudantes, com os coletivos e com todas e todos que se referenciam na UNE para fazer avançar a luta pela Diversidade Sexual, na construção de uma Universidade Democrática e Popular e de uma sociedade melhor, livres de todas as formas de opressão.

Todas e todos rumo ao I Encontro LGBT da UNE.



* Rídina Motta é diretora LGBT da UNE, Vinicius Alves é membro do Coletivo Universitário Kiu! pela Diversidade Sexual – BA e Vicente Oliveira é secretário LGBT do PT de Alagoas

Nenhum comentário: