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sábado, 19 de janeiro de 2008

A Taturana e o Vagalume

O Procuradopr Geral Dr. Coaracy Fonsceca lançou essa nota há alguns dias demorou mas eu to postando agora no blog, vale a pena!!!!


A Operação Taturana movimentou os meios jurídicos e a sociedade alagoana, mas muitos detalhes carecem de esclarecimentos. O Ministério Público de Alagoas, como será demonstrado em breve, ingressou, na Justiça Federal, de primeira instância, em litisconsórcio com o MPF, com as primeiras medidas cautelares, assecuratórias de provas, tais como busca e apreensão de documentos, quebras de sigilos bancários e fiscais, dentre outros meios para produção de provas. A nossa atividade (está nos autos) não se limitou a simples remessa de documentos, participamos da fase judicial efetivamente, porém, em silêncio, com a reserva necessária para a eficácia de uma operação desse porte.

Além disso, outro procedimento existe ainda em curso, que rendeu ensejo a um habeas corpus, no qual é discutido o poder de requisição do Ministério Público. O julgamento poderá acontecer a qualquer momento. Há procedimento instaurado e publicado no Diário Oficial de Alagoas, desde agosto de 2006, já bastante consubstanciado, e que será robustecido com os novos elementos colhidos durante a mencionada operação. Os culpados pelos desvios serão punidos, as ações serão propostas em seu devido tempo, com respeito às garantias de todo acusado. O promotor de Justiça não é um ator de cinema, mas um agente histórico, um ator social, quando, nos limites de sua atribuição, cumpre o seu dever, como vem ocorrendo no presente caso.

Ao contrário do passado, quando a pirotecnia, a busca da fama fácil, o exibicionismo era a regra, o Ministério Público moderno busca a efetividade de suas ações, não vive de máscaras que, quando arrancadas, deixam em estado de loucura a vedete, personagem fictícia, que perdeu o bonde da história; beneficiária de concurso público de transparência duvidosa, nunca velou pela lisura dos certames, afinal, não poderia por em risco a vaguinha do parente. O Ministério Público de papel está morto e com ele o homem-vagalume, filho da hipocrisia.

Pois bem, alguém disse, certa ocasião, que não existe desinfetante melhor que o sol. É verdade, o astro-rei, com os seus raios fulgurantes, verdadeiras línguas de fogo, não elimina apenas germes e outros microorganismos nefastos à saúde humana, é o melhor remédio para o vagalume frenético e esférico que, a sua ausência, sai do oco da taquara e, com o cinismo de um Catilina, arvora-se em verdadeiro pai da pátria. Quem não o conhece, que o compre. Hipócrita, falso moralista, produto pronto e acabado de um estado, à época dominado por poucas famílias que, para se perpetuarem no poder, introduziam os nepotes no serviço público, pelos mais diversos meios.

O que diriam os leitores de um homem-vagalume, só para citar alguns casos, que acobertou uma quadrilha de estupradores, a gangue sádica, que aterrorizava mulheres e casais. Após a violência sexual, os bandidos, com a desfaçatez própria dos membros do clã, lançavam a famosa pergunta: um beijo ou um beliscão? O que diriam os leitores do servidor público que, a despeito da proibição legal, mantinha sob sua chefia imediata a mulher, o filho, o irmão e outros parentes, sem a devida contraprestação, ou seja, o trabalho, o que se denomina sinecura, verdadeiro assalto aos cofres públicos. Quando indagado sobre o caso, esse homem de ficção chegou a afirmar, com voz de "tenor", como se estivesse a zombar dos contribuintes: eu adoro meu Butantã!

O que diriam os leitores de um servidor público que acoberta há vários anos um pedófilo, cuja vítima, que ainda espera Justiça, pulou do quarto andar de edifício localizado em um bairro chique, quebrou as pernas, para não ser mais violentada, era uma criança de tenra idade; hoje um adulto, talvez com muitas seqüelas do abuso sofrido, enquanto o protetor do tarado balança os bracinhos em um coral de uma igreja.

Ainda mais, o que diriam os leitores de um agente público que, sequioso de fama e holofotes, acusou um homem sério e honrado, por vários anos, de forma dolosa, de um crime que ele não cometeu? O homem-vagalume há muito perdeu a máscara, levada pelo sopro de uma simples brisa. Sua casa foi construída sobre a areia, de rocha não tem nada. Como vampiro, que sobrevive do sangue dos mortais, procura a todo custo por novas vítimas. Entretanto, não resiste aos primeiros raios solares.

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