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quinta-feira, 10 de julho de 2008

Fiscalização do Crea aponta 26 irregularidades no "Tobogã" de Almeida

Quem passa dirigindo o veículo sobre o Viaduto Industrial João José Pereira Lyra, em Mangabeiras, garante que não dá para evitar um friozinho no estômago, típico de uma descida de tobogã. Muitos motoristas afirmam que o tráfego no local requer exagerada atenção, para não correr o risco de sofrerem batidas nas laterais da via, em razão das muitas curvas existentes. A obra, inaugurada às pressas no dia 23 de junho pela Prefeitura de Maceió, depois de mais de um ano de incômodo à população que sofria com trechos viários interditados, e que gastou mais de R$ 11 milhões, em recursos públicos, está cheia de erros, segundo comprovou a fiscalização de uma das maiores autoridades no assunto, o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura – CREA.

Um laudo apontando todas as falhas encontradas foi entregue nesta quarta-feira dia 02 de julho ao Ministério Público e pode implicar na lavratura de notificações e posterior auto de infração, de acordo com o decreto 5296/2004. “A conclusão do laudo está sendo enviada nesta quarta-feira ao Ministério Público, solicitando providências para as correções das irregularidades gritantes encontradas no viaduto que podem causar acidentes aos pedestres”, informou o presidente do CREA-AL engenheiro civil Aloísio Ferreira de Souza.

A vistoria foi realizada no dia 26 de junho pela Fiscalização Preventiva Integrada de Acessibilidade do CREA-AL e identificou as seguintes falhas: Rampa em desacordo com a Norma NBR 9050, quanto à largura mínima de 1,20m e está apenas com 80cm; rampas com declividade superior ao permitido na Norma (8.33%), bem como faltando o piso tátil de alerta e direcional; faixa de pedestre com dimensões inferiores em relação ao fluxo de pedestre; rampa frontal à Av. Gustavo Paiva interliga a outra lateral, quando, para ser correta, teria que desembocar em um patamar de. No mínimo 1,20m de largura; calçada com largura inferior ao determinado na Norma.

Tem um poste no caminho

Impedindo qualquer acessibilidade, bem no meio da calçada está um poste; passagem de pedestre com dimensões inferiores – valorizando a ciclovia; botão de acionamento do semáforo de pedestre situado de forma inadequada em relação ao posicionamento que chega para atravessar a via; calçadas estreitas que impedem a acessibilidade no entorno do viaduto; um outro poste situado de forma inadequada na calçada, fora da faixa de equipamentos; ausência de sinal sonoro no semáforo para atender ao deficiente auditivo; barreira arquitetônica que impede totalmente a passagem de pedestre sobre a calçada; guarda corpo que protege do riacho encontra-se com altura inferior ao determinado na Norma, ou seja, 1,10m; muitas deficiências em sinalização vertical e horizontal; até a placa de inauguração da obra não atende ao deficiente visual, não tem sistema braille; degrau na calçada e declividade lateral impedem a acessibilidade; ausência de guarda corpo no passeio, podendo acarretar acidentes ao pedestre.

Constam ainda no laudo: ausência de rampa e faixa de pedestre próxima à calçada; existe rampa que desobedece ao próprio Código de Urbanismo de Maceió, com profundidade maior que 0,60cm. O relatório aponta todas as barreiras arquitetônicas e postes fora do ligar que a equipe identificou, o posicionamento da placa de trânsito e do quadro de telefonia, entre outras irregularidades.

O laudo também foi enviado à Prefeitura de Maceió. O trabalho de vistoria foi realizado pelo presidente da entidade, o engenheiro civil Aloísio Ferreira de Souza e colaboradores: Engenheiro Civil Marcelo Daniel de Barros Melo, Arquiteto e Urbanista Cícero Nascimento Borges e o técnico em Edificações Genivaldo de Farias Matos.O presidente do CREA, Aloísio Ferreira de Souza, disse que a vistoria foi concentrada na acessibilidade.

Nova visão

O relatório enviado ao Ministério Público e a Prefeitura de Maceió, diz que a nova visão do Crea-Al, representa uma forma de atuação voltada para a defesa da sociedade, envolvendo diversos procedimentos de gestão que, no seu dia a dia, exercem individualmente o poder fiscalizador, no âmbito de suas atribuições específicas. A meta é oferecer à sociedade uma fiscalização ampla, planejada, de qualidade sustentada na integração, na credibilidade e no comprometimento dos profissionais junto à sociedade. A Fiscalização Preventiva Integrada tem como objetivo principal salvaguardar à população o acesso irrestrito ao espaço urbano e edificações obedecendo o Desenho Universal.

“Boa parte da população apresenta alguma forma de deficiência, inserindo-se nesse contexto idosos, obesos, grávidas, crianças e acidentados. São pessoas sujeitas as diversas barreiras físicas de nosso espaço urbano e edificações. Os espaços urbanos consolidados apresentam-se dentro do contexto e em sua maioria fora das conformidades previstas na norma NBR 5250/2004. É nessa premissa que a FPI do CREA-Al deseja sensibilizar, conscientizar e orientar a sociedade, profissionais e o poder público para a importância da acessibilidade. Embora a finalidade da FPI seja garantir a acessibilidade e mobilidade à população, mediante ações educativas e preventivas, o não atendimento às exigências, quanto a correção dos problemas detectados por ocasião das inspeções, pode implicar na lavratura de Notificações e posterior Autos de Infração, conforme decreto 5296/2004” afirmou o presidente Aloísio Ferreira, em relatório assinado pelo arquiteto e Urbanista Cícero Nascimento Borges.

Proibido para maiores

Como se não bastasse a série de problemas enumerados pelo CREA quanto à acessibilidade de pedestres e de meios de locomoção como cadeira de rodas, por baixo do viaduto, alguns veículos de grande porte ficaram “entalados”. Na primeira semana, exatamente na manhã do dia 27, um caminhão-cegonha (que transporta automóvel), de placa CYN 8997, vindo de São Bernardo do Campo, não conseguiu passar e teve que descarregar dois veículos, porque a altura total excedia o espaço de passagem do viaduto.

O motorista, Roberto Gonçalves Moura, afirmou na ocasião que foi o único viaduto pelo qual teve problema durante toda a viagem, apesar do assessor especial de Trânsito, da SMTT, José Moura, alegar que o viaduto segue as normas estabelecidas pelo Contran. O presidente do CREA também admite que a altura (4,70m) está dentro do padrão.

A situação tende a se repetir, considerando que na área existem grandes empreendimentos, a exemplo de dois hipermercados, o maior shopping da cidade, 4 concessionárias de veículos, lojas de revendas de automóveis e uma indústria de coco. Uma situação que requer, pelo menos, avisos de que não é possível passar cargas acima de 4,70m, instalados em região bem anterior ao viaduto, que possam dar oportunidade para que os motoristas adotem outras vias de atalho.

Internauta reage

A obra causou indignação em uma das internautas que acompanham as notícias geradas pelo portal alemtemporeal. Na íntegra, acompanhe abaixo a reação:

O prefeito investe cerca de R$ 11 milhões em viaduto na Rua Álvaro Calheiros onde possuímos uma empresa. Viva o prefeito por essa obra onde os grandes transitam! Pessoas trabalham incansavelmente dia e noite para que essa grandeza fosse exposta aos olhos de muitos... Enquanto isso, sofremos com uma inundação em nossa residência, sem que o prefeito tome providência, porque o investimento é muito alto, ou seja, 1 (um) por cento da obra do viaduto! Que absurdo! Perdi meus móveis, meu sono, meus sonhos!

Em que mundo vivemos, em que país estamos? Começaram as obras em Jacarecica, prometeram o melhor, mas eu acreditava no prefeito, quis apostar nele, mas, quão grande foi a decepção seguida de revolta...Estava bom demais para ser verdade, pararam as obras por falta de verbas!Prefeito Cícero Almeida onde estás? Ah, desculpe-nos muito ocupado com os viadutos

VLS, proprietária de um estabelecimento no Stella Maris, onde recebemos um lindo viaduto e moradora de uma casa que sofre enchentes no Conjunto Jacarecica.

Obs: Mais revoltante de tudo são os impostos que pagamos


por Alagoas em Tempo

Um comentário:

Vidha Santos disse...

mais uma vez ,indignada e revoltada !
minha casa sofreu enchente novamente,a represa das casas luxuosas desaguam no conjunto onde moro Jacarecica ,mais uma vez pergunto CADÊ o prefeito?
Ah....no carnava!